quinta-feira, 4 de agosto de 2011

E as perspectivas continuam otimistas...


A tendência é a construção civil continuar em crescimento ascendente, porém em patamares mais ajustados ao restante da economia.



O ramo da construção civil encerrou o primeiro semestre com crescimento significativo. Dados da Confederação Nacional da Indústria mostram que o indicador de atividade ficou em 52,4 pontos em junho ante maio, numa escala de zero a 100 pontos. Desde o final de 2010 o setor não apresentava dois meses seguidos de alta na atividade e o bom resultado traz boas expectativas para as empresas do segmento no segundo semestre. O crescimento se manterá? Os entraves na atividade poderão ser amenizados? Conversamos com o sócio Diretor da Konkreta Construtora, Kim Cerejo, acerca das perspectivas para a construção civil nos próximos meses. A empresa atua há três anos em Palhoça, município da Grande Florianópolis (SC), 


O ramo da construção civil encerrou o primeiro semestre com crescimento, segundo dados da CNI. Qual a sua expectativa para o segundo semestre na atividade?

Esperamos um crescimento ainda maior do que o ocorrido até então, mesmo com as medidas de restrição ao crédito impostas pelo Governo Federal e o fantasma da inflação. Os clientes estão mais criteriosos e demorando um pouco mais para realizar a compra, mas mesmo assim, esperamos crescer 20% sobre os números do primeiro semestre desse ano e 50% sobre segundo semestre de 2010. Viemos de um ano de crescimento muito forte para todo o segmento da construção civil e a tendência é o mercado continuar sua linha ascendente, porém em patamares mais ajustados ao restante da economia. 


A falta de trabalhador qualificado ainda é um dos entraves apontados e há tempos vem sendo discutido. Em sua opinião, este é um problema que custará a ser resolvido? Por quê?

Acredito que é um problema que será cada vez mais problema. Se olharmos para países mais desenvolvidos, veremos que o custo da mão de obra tornou-se tão elevado que o mercado procurou alternativas na utilização da tecnologia, máquinas de reboco, de pintura e outros materiais. Mas infelizmente estamos tão atrasados que agora começamos a falar de processos já utilizados há 10, 15 anos. Esta semana, conversei com um construtor americano que vem tentando ingressar com alguns desses maquinários há mais de 30 dias, mas a burocracia é tamanha que ele está desistindo.

Outro exemplo é de uma tinta americana que dura muito mais que as nacionais. Isso em virtude de que nos Estados Unidos um pintor custa tão caro que não é possível ficar retocando pintura a cada um ou dois anos como aqui. 

Mesmo diante de todo problema podemos tirar grandes aprendizados e nesse caso o que está acontecendo é uma migração de profissionais de outros setores como telemarketing ou segurança, já que a construção civil oferece melhores salários, além da participação das mulheres que pode ser muito maior. 


Há maneiras de driblar o alto custo da mão de obra? Como a empresa tem lidado com esta questão?

Se compararmos com o cenário de dois ou três anos, sim, a mão de obra realmente está muito cara, mas que de maneira geral a resposta é não. Um bom pedreiro ou um bom mestre de obras, por exemplo, representam muito pouco, perto do que eles trazem de resultado para a empresa. O custo se torna alto porque não existe qualificação e nem tecnologia aplicada e precisamos fazer uma média, ou seja, acabo pagando menos para quem merece para ter que pagar a outra parte que não rende a mesma coisa. Não me importaria em dobrar o salário de alguns funcionários e ao invés de 30 pessoas, como temos hoje, poderíamos ter dez muito bem pagos, máquinas os auxiliando e é claro, menor tributação sobre a folha de pagamento. Uma coisa é cara quando não te dá retorno e nesse caso todo mês nos sentimos roubados com os impostos e tributos, isso sim é o problema.


O Brasil ainda sofre um déficit habitacional, o que se significa que o mercado continuará aquecido por um bom tempo. Hoje, quais são os investimentos mais atrativos para as construtoras. Ainda é o Programa Minha Casa Minha Vida? 

Pequenas construtoras voltadas exclusivamente para o Minha Casa Minha Vida estão tendo prejuízos nos seus balanços e não são poucas. O programa impõe tetos para venda e o ganho se dá quando se tem grande escala e quando a briga por custos é diária. Não vejo um caminho único para as construtoras e para quem investe no mercado, é preciso analisar seus pontos fortes e fracos, sua área de atuação e para quem investe, analisar o gestor do capital. O MCMV continuará sendo nosso principal foco, mas este ano estamos lançando o primeiro empreendimento da empresa que não é voltado para o programa. Com relação ao déficit habitacional, a balança muitas vezes não fecha e a maior falta de moradia está nas regiões mais pobres dos estados e a nível nacional no Norte e Nordeste, só que o dinheiro e os investimentos estão nas regiões mais ricas.

Por: Redimob com a colaboração do Sócio - Diretor da Konkreta Construtora e Inc., Kim Mendes.

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