terça-feira, 5 de julho de 2011

Por que os juros são tão altos no Brasil?



Nos últimos meses foram discutidos, de forma bastante intensa, os motivos que levam o Brasil a ter altas taxas de juros. Argumentos dos bancos privados bateram de frente com os da equipe econômica do governo.  Enquanto a taxa básica de juros (Selic) continua subindo para conter o perigo inflacionário, observamos que os juros reais praticados no mercado chegam percentuais ainda mais elevados. Mas, enfim, por que esses juros são tão altos?



De acordo com os bancos e financeiras, as taxas altas se baseiam em 3 fatores determinantes:

* Alta carga tributária;
* Inadimplência;
* Lucro do banco para operação.

Na prática, e ainda segundo informações destas instituições, estes três componentes formam a composição do chamado spread bancário. É fato que existe certa razão quando lembramos que a questão fiscal no Brasil merece atenção e mudanças. De modo geral, trata-se de um item que pesa na formação das taxas e preços deste e de muitos outros setores. Aqui muita coisa custa caro porque incidem impostos demais, é fato. E os demais fatores?

Pessoalmente, não acredito que a inadimplência (mesmo elevado nos últimos meses) seja tão alta no sentido de representar um risco tão preocupante. Segundo consta, estamos diante do principal componente do spread bancário – fato que os bancos adoram frisar. O período de crise financeira, aqui e no restante do mundo, contribuiu para a tendência de alta nos índices de inadimplência. No entanto, em se tratando de Brasil, os indicadores não ficaram em valores muito mais altos do que em outros momentos.

Muito se discute sobre o cadastro positivo de informações que surge como opção para facilitar  a vida do bom pagador. Tal cadastro, como o próprio nome diz, pode vir a ser muito positivo, mas na prática não parece ser fator determinante para a queda das taxas de juros. Só isso não resolve. O tempo dirá.

Encarando a questão dos juros

Se levarmos em conta o volume de crédito total de dos últimos anos  em relação ao PIB podemos concluir que:

* Nossa oferta de crédito vem aumentando historicamente;
* Ainda estamos muito longe de outros países em desenvolvimento, onde a relação Crédito/PIB é de mais de 100%.

A lógica de juros altos praticada por aqui torna nossos empréstimos um dos piores negócios do mundo. E, parece, isso também influencia a inadimplência. Afinal, juros altos significam saldos devedores às vezes grandes demais. Como sempre faço questão de dizer, educação financeira é fundamental para evitar armadilhas disfarçadas de dinheiro fácil e rápido. Muita atenção, caro leitor. Hoje e sempre.

Cabe ressaltar, claro, que o volume de crédito praticamente dobrou entre 2002 e 2009. Entretanto, o percentual ainda é muito baixo. Aqui se evidencia a lógica de pouco crédito a preço alto, quando o crédito barato em abundância traria muito mais crescimento e oportunidade para o país. Defendo a seguinte equação:

* Juros menores = maior oferta de crédito
* Maior oferta de crédito = maior crescimento econômico

Mudanças de momento

Indo de encontro a essa lógica, os bancos públicos iniciaram uma queda mais agressiva das taxas de juros. Mas não se percebe de fato um esforço concentrado nesse sentido o governo assiste os juros e não parece ter instrumentos ou vontade de intervir nesse ponto.

De qualquer forma, para nós é fundamental aprender a lidar com o crédito de forma saudável. Dentro de uma economia desenvolvida, o acesso ao crédito é fundamental. Cobrar, negociar e buscar alternativas mais competitivas são atitudes relevantes e que servem para pressionar as instituições – tudo para que ofereçam linhas mais baratas e dentro da realidade mundial. O crédito nestes níveis ainda me assusta.

Por: Ricardo Pereira

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