RIO - Para tentar resolver o problema de escassez de engenheiros no país, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) está prestes a lançar o Plano Nacional de Engenharia, com propostas para a redução da evasão e para o preenchimento das vagas ociosas dos cursos de engenharia de instituições públicas e privadas no país. A ideia é entregar até o fim do mês ao governo um conjunto de propostas que visam a aumentar a oferta de profissionais no mercado de trabalho. Segundo a entidade, até 2012, faltarão cerca de 150 mil engenheiros para preencher as vagas que estão surgindo.
O plano está sendo elaborado pelo Comitê de Engenharia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que tem a participação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e do programa Inova Engenharia, criado pela confederação em 2006 para aproximar os currículos dos cursos de engenharia das necessidades do mercado de trabalho.
Dados da confederação apontam que, atualmente, a evasão nos cursos de engenharia é superior a 50% e a maior parte das desistências ocorre nos dois primeiros anos da graduação. Uma das possíveis causas do problema, segundo o economista Marcos Formiga, assessor da diretoria da CNI, é a distância entre os currículos dos cursos e a solução de problemas concretos imposta pela realidade do mercado.
- É cada dia mais importante valorizar essa profissão, necessária para se fazer inovação e aumentar a competitividade da indústria brasileira - enfatizou o assessor da CNI.
Dados do estudo ''Potenciais Gargalos e Prováveis Caminhos de Ajustes da Engenharia no Brasil'', realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), se a economia brasileira crescer mais de 4,5% ao ano, a oferta de engenheiros no mercado de trabalho não será suficiente para atender à demanda da indústria, da agroindústria, do comércio e das áreas de tecnologia até 2020.
Segundo Divonzir Gusso, técnico do IPEA, se o Brasil quer crescer mais de 4,5% em média até 2020, teremos de ajustar essa capacidade de oferta. Mas, ressalta ele, não basta formar mais engenheiros. Será necessário melhorar a qualidade desses profissionais.
De acordo com o IPEA, caso a economia brasileira cresça 6% anualmente, a quantidade de engenheiros necessários para a área de petróleo e gás subirá 19,3% até 2020. Mas o número de profissionais não será suficiente para atender a essa demanda. Nesse mesmo cenário, a indústria extrativa mineral precisará de 10,3% a mais de engenheiros e a procura na indústria de transformação crescerá 8,4%. A pesquisa foi discutida na terça-feira, 12 de abril, no Ipea, por técnicos do programa Inova Engenharia.
Formiga revela ainda que o Brasil forma menos engenheiros por ano do que a Rússia, a Índia e a China, integrantes do chamado grupo dos BRICs. Enquanto no Brasil esse número é inferior a 40 mil profissionais por ano, na Rússia chega a 120 mil, na Índia alcança 300 mil e, na China, ultrapassa 400 mil. O economista destaca que o profissional de engenharia foi um dos agentes propulsores do crescimento acelerado da China e da Índia.
- Para o Brasil ter um projeto de nação, sairmos da sétima maior economia do mundo para a quinta, esse profissional é indispensável - afirma.
Fonte: O Globo
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