segunda-feira, 16 de maio de 2011

Construção tem números milionários



Cento e trinta e três milhões de tijolos baianos, 6,7 milhões de sacos de cimento, 5,3 milhões de toneladas de areia. Esses números milionários impressionam? Pois representam uma estimativa de quanto material de construção foi consumido para erguer apenas os lançamentos de imóveis residenciais de 2010 na Grande São Paulo. 



Segundo a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), foram lançadas 70.781 unidades no ano passado, em 544 empreendimentos, somando 5.332.504 m² de área total construída lançada. O valor geral de vendas desses empreendimentos também chama a atenção: quase R$ 15 bilhões. Ou seja, cerca de R$ 5 bilhões a mais do que em 2009, ano em houve o lançamento de 53.487 unidades em 465 empreendimentos. Imagine quanto deve ser consumido no País todo. 

O crescimento do setor imobiliário também impulsiona a indústria e o comércio do material de construção. Na comparação do primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período em 2010, as vendas do setor tiveram crescimento de 2,5%, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Em 12 meses, a variação é de 9,5%. E a expectativa é fechar 2011 com 8,5% de crescimento em relação a 2010. 

A estimativa de crescimento na indústria de materiais de construção é um pouco mais tímida: em torno de 7% em 2011, em comparação com 2010. "A previsão inicial era de 9%, mas o avanço da inflação e as medidas tomadas pelo governo para conter a demanda afetaram os resultados no início do ano e tivemos de rever a expectativa para baixo", explica o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox. 

Mas não há nada a lamentar. "O setor continua crescendo, o Programa Minha Casa, Minha Vida vai fazer mais 2 milhões de moradias até 2014 e ainda há os grandes eventos, como a Copa e as Olimpíadas para impulsionar o consumo", afirma Fox. Segundo Análise Setorial Abramat/Fundação Getúlio Vargas (FGV), as vendas da indústria de materiais de construção para o mercado interno totalizaram R$ 103,8 bilhões, em 2010. 

Produtividade - O presidente da associação explica que as indústrias estão utilizando 87% da capacidade. "Não há falta de produtos nem perspectiva de que isso venha a ocorrer." E, de acordo com Fox, um estudo apontou que 74% das indústrias estão investindo ou vão investir em suas instalações nos próximos meses. 

Segundo pesquisa da Abramat/Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP, o bom desempenho também se reflete no número de funcionários das indústrias de materiais básicos. Em março, houve crescimento de 7,67% na mão de obra em relação ao mesmo mês de 2010. Na comparação com o fevereiro de 2011, o crescimento foi de 1,46%. 

Segundo a Análise Setorial, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas, em 2010, os postos de trabalho do setor foram plenamente recuperados. O número de empregados chegou a 736 mil em dezembro (aumento de 8,2% em relação a 2009 e de 6,2% em comparação com 2008). 

"O consumo de material de construção vem crescendo forte, mas a indústria está dando conta da produção sem problemas. Não se pode dizer o mesmo sobre a mão de obra", diz a coordenadora de Projetos da FGV, Ana Maria Castelo. Ela explica que o crescimento é impulsionado pelo setor formal, que demanda trabalhadores mais qualificados, não tão disponíveis no mercado. "No ano passado, o emprego com carteira assinada, incluindo construção civil, arquitetos, engenheiros, incorporação e serviços ligados, cresceu 15% em relação a 2009." 

Não há, explica a coordenadora, uma previsão fechada de aumento para 2011, mas estima que ficará em torno dos 5%. "Os 15% de crescimento em 2010 representaram não apenas o aumento da produtividade, mas a formalização decorrente de exigências dos programas habitacionais e investidores." 

Segundo Fox, a construção civil nunca foi atraente para os jovens, pela falta de oportunidades de crescer. "Mas isto está mudando com os investimentos em qualificação, que aumentam inicialmente os custos, mas voltam em maior qualidade, rendimento e produtividade."

Fonte: Estadão (Marilena Rocha)

Nenhum comentário:

Postar um comentário