Crescimento da frota nacional causa disputa intensa para estacionar veículos e desafia engenheiros e arquitetos
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcDvnlW7neQ1I4XK3mnE_Zjd8tD28nZf-BfNynFfhLjA3WEj8xrgtZ23QomRkkQZyGzGjgyZFYMnpT6b8VUEP0kbt8wiS6KLr-lPaQHJwqwavi2hxX2QKTzV_2T8JI2O4tD1n1U1bcAY0/s200/one-of-those-days-1.jpg)
Em municípios brasileiros com mais de 400 mil habitantes, o mercado imobiliário já registra uma inversão de valores. Os consumidores estão preferindo mais vagas de garagem que área útil. “O apartamento pode não ser tão grande, mas se oferecer duas ou três vagas a compra será concorrida. Hoje, dependendo da cidade, uma vaga extra de garagem valoriza o imóvel em até R$ 150 mil”, revela o arquiteto e consultor Eduardo Araújo Junqueira Reis, especialista em circulação urbana e diretor da ONG Ruaviva, Instituto da Mobilidade Sustentável. Por conta dessa necessidade de espaço para os veículos, construir prédios está cada vez mais desafiador para engenheiros e arquitetos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbqiAtmu6bOrIzG6kEdSah-Rd3nVzqaFDOXzNmCSaFWZpW1OggvfNIHdLP_jAwvy47QMi5mmfIxIDmXaNV8pIyXBllJu3wVD2lSMifhsTsN95X-DcI-9_RJaSMyyRcavDknpFnp7IWeE8/s200/bmw+garagem.jpg)
Outra opção são os edifícios-garagem, que em algumas cidades fora do Brasil, como Paris, na França, estão veementemente proibidos de serem construídos. “Há décadas eles proíbem a construção de edifícios-garagem. A decisão é acertada, por eles concluírem que esse tipo de edificação atrai veículos e gera mais congestionamento”, afirma o arquiteto da ONG Ruaviva. “Essa é uma tendência que se propaga entre as prefeituras de cidades do primeiro mundo. Elas então reduzem as áreas de estacionamento nas regiões centrais, para forçar a utilização do transporte público”, completa.
Nem Curitiba escapa
Investir maciçamente em transporte público é a tese da qual compartilha Eduardo Junqueira, para que os espaços urbanos não se tornem reféns dos veículos. “Vai chegar um momento em que a própria situação física das cidades não vai permitir mais a circulação de automóveis. Aí a sociedade vai cair em si e verificar que é incompatível o número de veículos com a área urbana oferecida”, resume. Neste caso, nem Curitiba, que exportou ao mundo o modelo de transporte coletivo com base em corredores de ônibus, está conseguindo contornar o problema. A capital paranaense, segundo a mais recente estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados disponibilizados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), ocupa o topo do ranking do número de carros per capita.
Com 1,8 milhão de habitantes, Curitiba conta atualmente com uma frota de 1.210.507 automóveis – média de um carro para cada 1,53 pessoa. Entre as capitais, supera inclusive São Paulo, que tem um automóvel para cada 1,57 pessoa, e fica distante também das demais capitais da região Sul. Florianópolis, com 408.161 habitantes, tem 248.673 carros – um para cada 1,64 pessoa -, enquanto Porto Alegre tem um automóvel para cada 2,10 pessoas. Não é à toa que, em Curitiba, segundo dados do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná), as assembleias de condomínio saltam de uma taxa de presença de 30% para 70% quando o assunto a ser debatido é vaga para veículos. O que move os condôminos é a disputa por espaço para estacionar os veículos – o desafio das grandes cidades brasileiras.
Capitais com mais automóveis por habitante*
Curitiba-PR: 1.851.215 habitantes. Frota de 1.210.507 – média de 1 carro para 1,53 habitante. Goiânia-GO: 1.281.975 habitantes. Frota de 827.077 – média de 1 carro para 1,55 habitante. São Paulo-SP: 11.037.593 habitantes. Frota de 7.012.795 – média de 1 carro para 1,57 habitante. Florianópolis-SC: 408.161 habitantes. Frota de 248.673 – média de 1 carro para 1,64 habitante. Palmas-TO: 188.645 habitantes. Frota de 99.785 – média de 1 carro para 1,89 habitante. Belo Horizonte-MG: 2.452.617 habitantes. Frota de 1.253.773 – média de 1 carro para 1,96 habitante. Vitória-ES: 320.156 habitantes. Frota de 156.933 – média de 1 carro para 2,04 habitantes. Campo Grande-MS: 755.107 habitantes. Frota de 368.760 – média de 1 carro para 2,05 habitantes. Porto Alegre-RS: 1.436.123 habitantes. Frota de 683.325 – média de 1 carro para 2,10 habitantes. Brasília-DF: 2.606.885 habitantes. Frota de 1.182.308 – média de 1 carro para 2,20 habitantes. Cuiabá-MT: 550.562 habitantes. Frota de 249.294 – média de 1 carro para 2,21 habitantes. Boa Vista-RR: 266.901 habitantes. Frota de 103.116 – média de 1 carro para 2,59 habitantes. Porto Velho-RO: 382.829 habitantes. Frota de 142.848 – média de 1 carro para 2,68 habitantes. Aracaju-SE: 544.039 habitantes. Frota de 193.347 – média de 1 carro para 2,81 habitantes. Natal-RN: 806.203 habitantes. Frota de 262.143 – média de 1 carro para 3,08 habitantes. Rio de Janeiro-RJ: 6.186.710 habitantes. Frota de 1.991.786 – média de 1 carro para 3,11 habitantes. Rio Branco-AC: 305.954 habitantes. Frota de 97.893 – média de 1 carro para 3,13 habitantes. Teresina-PI: 802.537 habitantes. Frota de 256.461 – média de 1 carro para 3,13 habitantes. João Pessoa-PB: 702.235 habitantes. Frota de 212.713 – média de 1 carro para 3,30 habitantes. Recife-PE: 1.561.659 habitantes. Frota de 465.038 – média de 1 carro para 3,36 habitantes. Fortaleza-CE: 2.505.552 habitantes. Frota 666.372 – média de 1 carro para 3,76 habitantes. Manaus-AM: 1.738.641 habitantes. Frota de 422.039 – média de 1 carro para 4,12 habitantes. Macapá-AP: 366.484 habitantes. Frota de 85.442 – média de 1 carro para 4,29 habitantes. São Luís-MA: 997.098 habitantes. Frota de 226.469 – média de 1 carro para 4,40 habitantes. Maceió-AL: 936.314 habitantes. Frota de 192.582 – média de 1 carro para 4,86 habitantes. Salvador-BA: 2.998.056 habitantes. Frota de 615.908 – média de 1 carro para 4,87 habitantes. Belém-PA: 1.437.600 habitantes. Frota de 272.107 – média de 1 carro para 5,28 habitantes.
*Pesquisa IBGE, sobre dados de Denatran, de setembro de 2010
Por: Altair Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário